Reproduzo, na íntegra, reportagem do Diário de Coimbra tratando sobre aumento dos crimes cibernéticos em Portugal:
Inspector da PJ e investigador da UC falam de uma nova configuração no mundo do crime e de uma necessária adaptação da investigação
O cibercrime não é só a fraude informática ou a distribuição de conteúdos de pedofilia. Bem pelo contrário, a internet está a ser cada vez mais utilizada nas actividades das organizações do crime organizado e hoje é cada vez maior o número de crimes de tráfico de droga, imigração ilegal e tráfego humano, por exemplo, que são praticados através da rede. Só nos últimos anos, a Polícia Judiciária (PJ) detectou, em Portugal, milhares de casos de phishing, ou seja, tentativa de aquisição de informações privadas e sigilosas, como senhas e dados bancários.
Mas no rol incluem-se ainda outras formas de cibercrime, como sistemas de pagamento virtuais para lavagem de dinheiro e outros tipos, que acabam por ser favorecidos pelo anonimato garantido por tecnologias como o email, programas de mensagens instantâneas ou o VoIP. É sobre tudo isto que se pode ler em “Web Trends – ten cases made in Web 2.0”, da Comunicarte Publishing, que promove quinta-feira, às 19h00, na FNAC Coimbra, a palestra “Cibercrime: o crime sem armas”. Celestino Pais, inspector-chefe da directoria de Coimbra da Polícia Judiciária, e Francisco Nina Rente, investigador na Universidade de Coimbra e coordenador do CERT-IPN (um núcleo do Laboratório de Informática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes), são os oradores convidados.
Um relatório publicado há poucas semanas pela Europol prova que a Internet está a ser cada vez mais utilizada para o crime organizado. A PJ refere, a propósito, a existência de uma nova configuração no mundo do crime, que se tornou global e sem fronteiras e à qual as polícias tiveram de se adaptar. «Tem-se procurado fazer uma adaptação a uma realidade criminal relativamente recente, quer no âmbito da formação, quer na afectação de meios humanos com perfil adequado para as especificidades destas investigações e na descentralização da investigação deste tipo de crimes que, inicialmente, estava unicamente adstrita a uma secção a funcionar em Lisboa», justifica o director da PJ do Porto, Batista Romão, co-autor no livro “Web Trends”. Batista Romão diz, de resto, que a polícia perspectiva «a continuação do crescimento exponencial da prática deste tipo de crimes», tendo em conta, refere, a «massificação» dos computadores e outros meios informáticos que estão cada vez mais acessíveis ao cidadão, a que se associa uma «globalização crescente» e a possibilidade de acesso à internet «sem controlo» e «sem que os utilizadores possam ser identificados».
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Francisco Rente |
Fonte: Diário de Coimbra, neste link.
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